Cientistas alertam para 161 maneiras de se evitar uma nova pandemia

Mudar a relação com os animais é a principal e mais urgente medida para impedir que o mundo seja devastado por outros patógenos


Por: Redação Catraca Livre
Há poucos meses atrás, o mundo não fazia ideia de que uma pandemia seria capaz de promover tanto estrago no planeta. Agora, em meio à crise do novo coronavírus e diante da ameaça de um novo vírus da gripe identificado em porcos na China, é preciso mudar drasticamente alguns hábitos. É o que defendem especialistas da Universidade de Cambridge, que identificaram sete rotas pelas quais uma nova pandemia poderia ocorrer e 161 maneiras de se evitar o risco.

A relação com os animais é o principal e mais urgente ponto de atenção, segundo a equipe formada por 25 especialistas em vida selvagem e veterinária. Eles pedem que as pessoas tornem-se veganas, que se proíba o comércio de animais exóticos e reprima fazendas lotadas.

Caso essas mudanças drásticas não sejam adotadas, será “apenas uma questão de tempo” antes que outra pandemia varra o mundo.

Adotar dieta vegana e reprimir fazendas lotadas são algumas das medidas que reduzem o risco de nova pandemia Crédito: Chayakorn lotongkum/istock
Adotar dieta vegana e reprimir fazendas lotadas são algumas das medidas que reduzem o risco de nova pandemia
Crédito: Chayakorn lotongkum/istock

Banir mercados de animais selvagens não é suficiente

As primeiras infecções do novo coronavírus surgiram em um mercado de frutos do mar em Wuhan, na China, local que comercializava animais vivos por abate sob encomenda. Muitos deles ficavam espremidos em gaiolas minúsculas. Após o início da pandemia, a China proibiu esse tipo de comércio com animais silvestres.

O estudo de Cambrigde apoiou pedidos para proibir esse tipo de mercado, mas alertou que o movimento por si só não seria suficiente.

Proibir mercados de animais silvestres não é suficiente, segundo estudo Crédito: Caoyu36/istock
Proibir mercados de animais silvestres não é suficiente, segundo estudo
Crédito: Caoyu36/istock

“Muitas campanhas recentes se concentraram em banir o comércio de animais selvagens, e lidar com esse tipo comércio é realmente importante, mas é apenas uma das muitas rotas possíveis de infecção. Não devemos assumir que a próxima pandemia surgirá da mesma maneira que a covid-19. Precisamos agir em uma escala mais ampla para reduzir o risco ”, disse o professor William Sutherland no Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge, que liderou a pesquisa.

Algumas das maneiras de reduzir o risco de outra pandemia são relativamente simples, como incentivar pequenos agricultores a manter galinhas ou patos afastados das pessoas, melhorar a biossegurança e introduzir padrões veterinários e de higiene adequados para animais de criação em todo o mundo, medidas que exigirão investimentos financeiros significativos em escala global.

Como evitar uma nova pandemia

As descobertas do estudo foram geradas por um método chamado Solution Scanning, que usa uma ampla variedade de fontes para identificar uma variedade de opções para um determinado problema.

Destacamos abaixo algumas das 161 medidas que ajudariam a reduzir o risco de uma nova pandemia:
Aumentar a mudança para alimentos à base de plantas para reduzir o consumo e a demanda por produtos de origem animal;
  • Leis para impedir a mistura de diferentes animais selvagens ou a mistura de animais selvagens e domésticos durante o transporte e nos mercados;
  • Reduzir o contato entre animais selvagens e de criação ou domésticos, separando áreas de pastagem ou áreas de rega ou usando cercas para aumentar a biossegurança de animais de criação;
  • Melhorar a saúde animal nas fazendas, limitando as densidades de estocagem e garantindo altos padrões de atendimento veterinário;
  • Aumentar a eficiência das patrulhas para detectar e impedir a caça, a coleta ou a perturbação de espécies selvagens;
  • Promover o desenvolvimento e a comercialização de alternativas sintéticas (por exemplo, peles sintéticas, couro ou carne criada em laboratório);
  • Lidar com redes criminais mais amplas envolvidas no comércio ilegal de animais silvestres, incluindo o fortalecimento da mídia, a redução da corrupção e o julgamento de funcionários corruptos, além de recompensar e proteger os denunciantes;
  • Melhorar a saúde animal nas fazendas, limitando as densidades de estocagem e garantindo altos padrões de atendimento veterinário;

O relatório com todas 161 recomendações está disponível online aqui.

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