“A República do Horror”, breve, no escurinho do cinema - Fernando Brito


O ministro Celso de Mello autorizou a sessão de cinema privê mais aguardada dos últimos dias.

Vão assisti-la, em exibição única, os delegados federais, os procuradores da República, os advogados da União e de Sérgio Moro (ou o próprio) e mais alguns técnicos encarregados de operar o arquivo digital da reunião ministerial de 22 de abril.

Diz seu despacho:

(…)a Dra Christiane Corrêa Machado, Delegada de Polícia Federal, deverá comunicar a todos esses personagens a que me referi no parágrafo anterior, em ordem a que possam comparecer, querendo, perante a Polícia Federal em Brasília, Distrito Federal, no dia designado pela Senhora Presidente do Inquérito, que lhes exibirá, em ato único, o conteúdo integral de referido HD.

Um filme que, por tudo o que se sabe (e por aquilo que se, com razão, se imagina) conterá as obscenidades da república bolsonariana, com direito a sadismos presidenciais e a masoquismos ministeriais.

É evidente que tão seleta plateia não se conterá de dar o spoiler do que, sugere o despacho do ministro, dentro de alguns dias será visto pelo grande público, quando assinala que o sigilo é temporário.

Parece incrível que, num país em que as mortes vão chegando a mil por dia, na agonia pandêmica em que estamos metidos, o Palácio do Planalto transformado em botequim de rufiões da Nação, seja capaz de produzir algo que atraia tanto a curiosidade pública sobre algo que todos sabem ser o que parece: uma zona, e não só na acepção de bagunça.

Pior ainda é sabe que parte de nossa classe média se divide apenas entre apoiar quem promove e quem aceitou tudo isso por ambição de poder.

A república vai aparecer com todas as suas vergonhas mas, desafortunadamente, já não sente vergonha das vergonhas.

É isso: sem-vergonhas.

Tijolaço

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