Após reabertura do comércio, ocupação de UTIs dispara em Belo Horizonte

Considerada a cidade de maior subnotificação dos casos e óbitos pela covid-19, capital mineira tem 72% dos leitos em terapia intensiva ocupados, duas semanas depois de flexibilizar o isolamento social

Por Redação RBA
 Gil Leonardi/Imprensa MG
Pesquisa da UFMG, aponta que há 16,5 casos subnotificados do novo coronavírus para cada caso confirmado Gil Leonardi/Imprensa MG

São Paulo – Duas semanas após flexibilizar o isolamento social, a taxa de ocupação de leitos de UTI, em Belo Horizonte, disparou. No dia 25 de maio, a capital mineira registrava 48% de ocupação e nesta segunda-feira (8), o índice chegou a 72%. Atualmente, a cidade conta com 220 unidades de terapia intensiva.

Com essa taxa de ocupação, o nível de alerta atingiu o vermelho pela primeira vez desde o início da pandemia, o que significa repensar o processo de reabertura das atividades na cidade.

A primeira fase da flexibilização da quarentena na capital mineira começou no último dia 25, quando foi permitida a abertura de comércios e serviços populares não essenciais, como salões de beleza, galerias, armarinhos etc.

Nesta segunda-feira uma nova fase foi iniciada, e fez 91,9% dos estabelecimentos voltarem a abrir as portas. A estimativa da gestão de Alexandre Kalil (PSD) é de que 854 mil pessoas vão às ruas para trabalhar.

Segundo boletim epidemiológico divulgado pela prefeitura de Belo Horizonte também na segunda, a cidade tem 2.514 casos confirmados de covid-19 e 59 mortes em decorrência da infecção, na capital. Os números são muito diferentes de outras capitais do Sudeste, como São Paulo e Rio, ambas as de maior incidência da infecção no país.
Ausência de testes

Especialistas apontam que o motivo dos números de casos de coronavírus em Belo Horizonte estarem abaixo de outras regiões do país é a falta de testagem. O jornalista de dados e fundador da Lagom Data, Marcelo Soares, mostra que a cada morte de covid-19 no estado mineiro, nove pessoas morrem por síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que pode estar associada à covid. Sem testes, porém, não há como ter uma avaliação exata.

Só na metade do mês passado, a secretaria de saúde estadual informava que os casos suspeitos da doença passavam de 101 mil. Desde então, pararam de informar o balanço atual.

De acordo com o estudo de Marcelo, quanto mais se testa na região, menor é o número de casos de síndrome respiratória aguda grave. No Amapá, por exemplo, foram detectadas nove mortes por covid-19 para cada uma de SRAG.

“Se o problema é a covid, governador resolve o problema testando mal e dizendo que venceu a covid. Enquanto isso, pacientes com suspeita vão morrendo por síndrome respiratória, mas isso não é problema se não chamar de covid”, criticou, em sua conta no Twitter.

Além disso, uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta que há 16,5 casos subnotificados do novo coronavírus para cada caso confirmado. A pesquisa mostra ainda que a subnotificação no estado é quatro vezes a do Brasil. No país, a estimativa é de que há 3,8 pessoas com a covid-19 para cada caso confirmado.

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