Briga entre Zambelli e Joice apenas reforça suspeita de que houve fake news em escala industrial contra Haddad na campanha de 2018

Reprodução de vídeo
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Da Redação

“Sara Winter pediu asilo na Disney”, brincou recentemente o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) sobre a apoiadora de Jair Bolsonaro ter tentado, sem sucesso, se exilar nos Estados Unidos.

Sara é um dos alvos do inquérito das fake news em andamento no Supremo Tribunal Federal.

Frota, eleito na esteira do bolsonarismo, hoje é visto como traidor por Sara.

Por outro lado, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) entrou com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal contra a rival Carla Zambelli (PSL-SP), de quem já foi a melhor amiga, por violar os artigos 321 (advocacia administrativa), 332 (tráfico de influência) e 146 do Código Penal (constrangimento ilegal).

Os fatos narrados acima podem parecer apenas um circo no submundo do bolsonarismo. Mas o fato é que, nas eleições de 2018, todos os envolvidos promoveram o antipetismo e estavam fervorosamente ao lado do presidente Jair Bolsonaro.

A disputa entre Zambelli e Joice é sintomática.

Carla é hoje a deputada mais próxima do Palácio do Planalto, tendo assumido a dianteira pelo comportamento aparentemente destemido quando polemizou publicamente com seu padrinho de casamento, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.

Moro deixou o governo fazendo sérias acusações a Bolsonaro.

Zambelli também reforçou acusações feitas contra Joice Hasselmann de que esta teria utilizado assessores pagos com dinheiro público para produzir contas falsas e fake news nas redes sociais.

As denúncias apareceram primeiro na CNN Brasil (ver vídeo no topo).

Curiosamente, a CNN convidou Zambelli para comentar as denúncias contra Joice subsequentemente.

Depois de aparecer na CNN, Zambelli ligou para uma assessora de Joice Hasselmann, de nome Caroline Marcelino, tentando convencê-la a trocar de lado.

Na conversa (reproduzida na íntegra no vídeo acima e parcialmente abaixo), Zambelli oferece emprego a Caroline através do colega deputado federal Felipe Francischini e diz que Joice provavelmente vai tentar jogar nas costas dela, Caroline, os crimes que teria cometido — como o de gerar CPFs falsos.

Zambelli, na gravação, também fala em uma futura operação da Polícia Federal que teria como alvo Joice Hasselmann.

É a segunda vez que a deputada dá informações de coxia sobre a PF: um dia antes da busca e apreensãocontra o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, Zambelli deu entrevista a uma rádio gaúcha mencionando futuras ações da polícia contra governadores.


Aproveitando a denúncia contra Joice na CNN, parlamentares do setor do PSL aliado a Jair Bolsonaro, inclusive Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) entraram com representação contra Joice no Conselho de Ética da Câmara, por quebra de decoro parlamentar, e com uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR).

Uma eventual investigação determinada pelo procurador Augusto Aras poderia, sim, resultar em ação da PF contra Joice.

Mas, há muito mais que um barraco entre duas antigas amigas neste caso.

Desde que assumiu o controle da Polícia Federal e da Superintendência da PF no Rio de Janeiro, o presidente está sob suspeita de tentar manipular ou se antecipar a ações da instituição.



Neste caso específico, Joice Hasselmann foi testemunha chave na CPMI das Fake News, quando acusou os filhos do presidente — o senador Flávio, o deputado Eduardo e o vereador Carlos — de comandarem o chamado gabinete do ódio dentro do Palácio do Planalto.

As declarações de Joice no Congresso foram acrescentadas ao inquérito das fake news aberto de ofício pelo Supremo Tribunal Federal, que resultaram em ações de busca e apreensão contra o esquema de produção de fake news do bolsonarismo.

Tudo indica que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vai aceitar o pedido do Partido dos Trabalhadores para que as provas produzidas no inquérito do STF sejam acrescentadas às ações existentes no tribunal para cassar a chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão.

Por isso, é tão importante para o bolsonarismo desqualificar as denúncias de Joice e do ex-apoiador Alexandre Frota, cujos depoimentos são pilares das investigações da CPMI das Fake News.

Sobre Zambelli, ouvida recentemente no inquérito do STF, no qual negou qualquer envolvimento com fake news, ressurgiu nas redes uma gravação antiga, na qual, diante de uma loja da Havan no interior de Minas Gerais, ela dizia que a rede pertencia à filha da então presidenta Dilma Rousseff.

Fake news, obviamente.

Na gravação, Zambelli nota a contradição entre a loja ter diante do prédio a estátua da Liberdade e o nome Havan, que para ela seria homenagem a Havana, a capital de Cuba.

Com estes métodos que tanto Carla quanto Joice são suspeitas de ter utilizado, fica reforçada ainda mais a tese do PT de que bolsonaristas — que depois vieram a se desentender — produziram e espalharam fake news em quantidade industrial contra o candidato Fernando Haddad na campanha de 2018.

Viomundo

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