Novo estudo analisa casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Crianças (MIS-C), que tem aparecido em crianças e adolescentes que tiveram Covid-19. Condição chama a atenção da comunidade médica
REDAÇÃO GALILEU
Uma nova pesquisa divulgada na publicação científica Radiology analisa a síndrome inflamatória multissistêmica em crianças (MIS-C, na sigla em inglês), uma condição que tem surgido em crianças que tiveram Covid-19. A MIS-C também é conhecida como síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica temporariamente associada ao Sars-CoV-2 (PIMS-TS, na sigla em inglês).
Conduzido pela Sociedade Radiológica da América do Norte, dos Estados Unidos, o estudo verificou que os pacientes com a síndrome tiveram inflamação das vias aéreas e desenvolveram edemas pulmonares rapidamente, além de terem apresentado inchaços das artérias do coração e grandes alterações inflamatórias intra-abdominais. As análises laboratoriais encontraram similaridades entre a nova síndrome e a doença de Kawasaki, que também causa inflamação das paredes dos vasos sanguíneos.
O Hospital Infantil Evelina de Londres, no Reino Unido, internou várias crianças com esse quadro de inflamação multissistêmica em abril de 2020. Os pacientes apresentavam diversos sintomas: febre, dores de cabeça, dores abdominais, erupções cutâneas e até conjuntivite.
Além de terem revisado documentos clínicos e laboratoriais, os pesquisadores analisaram as imagens de raio-x das primeiras 35 crianças e adolescentes de até 17 anos que foram internadas no hospital pediátrico com suspeita de MIS-C entre abril e maio de 2020. A média de idade delas era de 11 anos, e meninos contavam a maioria: eram 27 do total de 35 pacientes.
A partir desses dados, os cientistas perceberam que o sintoma mais comum era a febre, que apareceu em 33 dos 35 casos estudados. Além disso, 30 crianças tiveram sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, vômito e diarreia. Erupções cutâneas e conjutivite foram os sintomas menos comuns: o primeiro apareceu em 13 crianças, e o segundo, em nove.
SARS-CoV-2, o novo coronavírus, responsável por causar a Covid-19 (Foto: Scientific Animations/Wikimedia Commons) |
Dentre os 35 pacientes, 19 tiveram radiografias anormais. Na maioria dos exames, os pesquisadores notaram que a parede brônquica dos pulmões estava mais espessa. E em muitas das tomografias computadorizadas de tórax, os cientistas também perceberam que havia acúmulo de líquido nas membranas externas dos pulmões.
Grande parte dos casos analisados pelo estudo foram bem graves. Das 35 crianças, 24 tiveram que ser internadas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), das quais sete tiveram que usar respiradores mecânicos e 20 precisaram de apoio inotrópico para ajudar o coração a bater. Além disso, duas crianças chegaram a precisar de oxigenação por membrana extracorporal, uma técnica que mantém a circulação de sangue em pacientes com falência cardiovascular ou pulmonar.
A partir das descobertas, os autores do estudo recomendam que pesquisas com ainda mais pacientes com MIS-C sejam feitas. "Como radiologistas pediátricos, estávamos interessados no padrão emergente de achados de imagem que observamos nessas crianças", disse Hameed Heba Elbaaly, doutor colaborador do estudo, em um comunicado. "Nossa intenção é chamar a atenção da comunidade radiológica em geral para essas descobertas."