Depois do 5G, EUA pressionam para abrir mercado de etanol

O embaixador dos EUA está pressionando o governo brasileiro para zerar as tarifas de importação do etanol norte-americano. A rendição do governo prejudicaria principalmente a produção de etanol do Nordeste. “Ontem foi o 5G, hoje o etanol. Assim os EUA vão comandando o Brasil”, denunciou a deputada e presidenta do PT, Gleisi Hoffman (PR)


EUA querem abrir mercado brasileiro para vender etanol
EUA querem abrir mercado brasileiro para vender etanol

Nem bem completou um mês da churrascada em comemoração do 4 de Julho – da independência dos EUA, o embaixador norte-americano, Todd Chapman, mandou a conta para o best friend Bolsonaro. Nesta semana, “pediu” a integrantes do governo brasileiro para zerar as tarifas de importação do etanol americano. Para não deixar dúvida, Chapman argumentou com a importância da vitória de Trump para o futuro de Bolsonaro. Atualmente, há isenção para até 750 milhões de litros por ano, mas a partir daí a tarifa é de 20%.

A pressão do embaixador que coloca em xeque o alinhamento servil do governo Bolsonaro à administração Trump ocorre às vésperas de expirar o prazo de vigência da cota para a entrada de etanol importado sem cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC). O governo pretende acabar com a cota que garante a entrada de 750 milhões de litros por ano com alíquota zero, mas terá de apresentar proposta as importações extra-cota. A pressão dos Estados Unidos é para o Brasil adotar uma TEC igual ou menor que 2,50% para todo o volume importado.


Entre a dependência e a soberania, o governo Bolsonaro enfrenta problemas com sua base política e eleitoral. As bancadas parlamentares do Nordeste e do agronegócio no Congresso Nacional não querem a manutenção da cota, mas defendem a aplicação da tarifa “cheia” e superior às pretensões do embaixador. Com razão, os produtores temem que o mercado brasileiro seja inundado pelo etanol americano à base de milho, mais barato. A rendição aos interesses norte-americanos teria forte impacto sobre os produtores brasileiros, principalmente da região Nordeste.

Com dificuldades eleitorais no Meio-Oeste do país, principal região produtora de etanol, Trump quer desovar seus estoques no Brasil, a exemplo do que fez com a cloroquina. A produção média de etanol nos EUA atingiu a marca de 931 mil barris por dia no início de julho. De acordo com dados oficiais, o Brasil importou 810,9,2 milhões litros de etanol dos Estados Unidos neste ano, contra 1,443 bilhão de litros no ano passado. A queda vem ocorrendo desde 2017, quando as importações do produto norte-americano atingiram a marca de 1,8 bilhão.

Antes, foi o 5G

Esta é a segunda chantagem pública do representantes dos Estados Unidos contra os interesses nacionais. Também nesta semana, em entrevista ao jornal O Globo, o embaixador Todd Chappman ameaçou o país com “consequências econômicas negativas”, caso o governo decida manter a chinesa Huawei no leilão do 5G, adiado por duas vezes, e previsto para ocorrer em 2021. Segundo especialistas, a pressão dos Estados Unidos se deve ao fato da perda de hegemonia sobre a tecnologia.

Sem resposta oficial do governo, o ex-presidente Lula criticou duramente a intromissão do embaixador norte-americano. Para Lula,  “em qualquer governo que preza pela soberania, um embaixador que falasse o que falou o embaixador dos EUA sobre a disputa do 5G no Brasil seria convidado a se calar e pedir desculpas”, afirmou Lula. No entanto, advertiu, “no caso do Brasil atual parece que o Bolsonaro não se faz respeitar pelo embaixador americano”.

Partido dos Trabalhadores

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem