por Caê Vasconcelos
Desde terça-feira (14/7), Francisco Bruno Brito da Silva, 26 anos, não sabe onde está a sua motocicleta. Ele foi abordado por PMs após um ato contra a precaridade do trabalho dos entregadores que trabalham para aplicativos. Na ação, Bruno teve a sua moto apreendida e Jefferson André da Silva, 23 anos, foi torturado pelos PMs.
Todos os dias, de lá para cá, Bruno tem ligado para a Polícia Militar e para o Detran para saber da sua motocicleta, mas o veículo “sumiu” do sistema. “Como que apreenderam a minha moto e ninguém sabe onde tá? Eu fui roubado pela polícia?”, questiona o entregador. O caso é acompanhado pela Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio.
Há 3 anos, Bruno “sobrevive e vive” com a sua motocicleta. Trabalha de 10 a 12 horas diárias com entregas por aplicativo. “Agora, além de não poder trabalhar, ainda tá subindo o valor do pátio. Além de não ver a cor do dinheiro, ainda vou ter que pagar esse valor que só tá subindo porque a moto não aparece”, desabafa.
No dia do ato, conta Bruno, logo no começo da manifestação, “tudo estava estranho”. Os entregadores foram informados pelo Sindicato dos Motoboys de São Paulo e Região que não deviam cobrir as placa das da motocicletas. As placas são cobertas pelos entregadores para evitar multas, mas, naquele dia, foram informados que a PM estaria ali apenas para preservar a segurança do ato, não os multaria.
“Ninguém tampou as placas, já que a polícia estaria com a gente. Mas, quando a gente passou pelo primeiro semáforo, tinha uma viatura parada que começou a anotar o maior número de placas possível. Aí a galera começou a ficar brava. Já estamos a precaridade, lutando pelo nosso direito, tomar uma multa e perder a habilitação não daria certo”, explica Bruno.
“A rapaziada ficou brava e foi falar com os policiais. Chegaram outros policiais, já com spray de pimenta querendo partir para a agressão”, relata. Segundo o entregador, os advogados do sindicato foram intervir. “Do outro lado da avenida, tinha outra policial anotando as placas também e começou um outro tumulto”, completa.
Nesse momento, ele desceu da sua moto e foi em direção ao tumulto. Ele acredita que foi nesse momento que um colega cobriu a sua placa, mas ele só foi perceber depois. “Enquanto as motos estavam em comboio, os policiais não fizeram nada. Mas quando estávamos sozinhos a história foi outra”, detalha o entregador.
Bruno parou com um amigo em uma oficina para ver um defeito na moto, nesse momento os outros entregadores seguiram o caminho. Quando ele saiu da oficina, no primeiro semáforo, foi abordado com Jefferson. “A polícia viu a bandeira do sindicato e mandou eu encostar, com toda a ignorância em cima de mim”, denuncia.
“Eu vi que a polícia estava empurrando o Jefferson para dentro do porta-mala e ele com a mão levantada. Os policiais falando para ele não resistir e ele respondendo que não estava resistindo. Aí eu perguntei o que estava acontecendo e ele [o PM] me xingou de tudo que é nome. Só fui conseguir falar duas horas depois. Quando eu vi minha placa, pensei ‘ferrou'”, lamenta.
O entregador conta que a polícia tentou de tudo para causar a mesma situação que aconteceu com Jefferson e, assim, o agredir. “Tiraram foto da bandeira do sindicato com a minha placa tapada. Eles ficaram falando que foi o sindicato que mandou tapar as placas”.
“A maioria dos motocas foram embora com medo de ter a moto apreendida ou tomar multa. Eles [policiais] conseguiram o que queriam, que era desmembrar o movimento”, completa.
Bruno teve a moto apreendida e Jefferson foi encaminhado para o 14º DP (Pinheiros). “Perguntei em qual DP iam levar o Jefferson e um dos PMs que ficou comigo falava que tinham prendido ele, que ele estava com ‘os ladrão'”, finaliza.
Outro lado
A reportagem procurou a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, a Polícia Militar e o Detran e aguarda retorno.
Francisco Bruno Brito da Silva, 26 anos, foi abordado ao lado de entregador que gritou “não consigo respirar” durante ação policial em SP na terça-feira (14/7)
Francisco Bruno Brito da Silva, 26 anos, teve a moto apreendida e ela “sumiu” dos sistemas da PM e do Detran após ato por melhoria para os entregadores | Foto: Reprodução |
Desde terça-feira (14/7), Francisco Bruno Brito da Silva, 26 anos, não sabe onde está a sua motocicleta. Ele foi abordado por PMs após um ato contra a precaridade do trabalho dos entregadores que trabalham para aplicativos. Na ação, Bruno teve a sua moto apreendida e Jefferson André da Silva, 23 anos, foi torturado pelos PMs.
Todos os dias, de lá para cá, Bruno tem ligado para a Polícia Militar e para o Detran para saber da sua motocicleta, mas o veículo “sumiu” do sistema. “Como que apreenderam a minha moto e ninguém sabe onde tá? Eu fui roubado pela polícia?”, questiona o entregador. O caso é acompanhado pela Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio.
Há 3 anos, Bruno “sobrevive e vive” com a sua motocicleta. Trabalha de 10 a 12 horas diárias com entregas por aplicativo. “Agora, além de não poder trabalhar, ainda tá subindo o valor do pátio. Além de não ver a cor do dinheiro, ainda vou ter que pagar esse valor que só tá subindo porque a moto não aparece”, desabafa.
No dia do ato, conta Bruno, logo no começo da manifestação, “tudo estava estranho”. Os entregadores foram informados pelo Sindicato dos Motoboys de São Paulo e Região que não deviam cobrir as placa das da motocicletas. As placas são cobertas pelos entregadores para evitar multas, mas, naquele dia, foram informados que a PM estaria ali apenas para preservar a segurança do ato, não os multaria.
“Ninguém tampou as placas, já que a polícia estaria com a gente. Mas, quando a gente passou pelo primeiro semáforo, tinha uma viatura parada que começou a anotar o maior número de placas possível. Aí a galera começou a ficar brava. Já estamos a precaridade, lutando pelo nosso direito, tomar uma multa e perder a habilitação não daria certo”, explica Bruno.
“A rapaziada ficou brava e foi falar com os policiais. Chegaram outros policiais, já com spray de pimenta querendo partir para a agressão”, relata. Segundo o entregador, os advogados do sindicato foram intervir. “Do outro lado da avenida, tinha outra policial anotando as placas também e começou um outro tumulto”, completa.
Nesse momento, ele desceu da sua moto e foi em direção ao tumulto. Ele acredita que foi nesse momento que um colega cobriu a sua placa, mas ele só foi perceber depois. “Enquanto as motos estavam em comboio, os policiais não fizeram nada. Mas quando estávamos sozinhos a história foi outra”, detalha o entregador.
Bruno parou com um amigo em uma oficina para ver um defeito na moto, nesse momento os outros entregadores seguiram o caminho. Quando ele saiu da oficina, no primeiro semáforo, foi abordado com Jefferson. “A polícia viu a bandeira do sindicato e mandou eu encostar, com toda a ignorância em cima de mim”, denuncia.
“Eu vi que a polícia estava empurrando o Jefferson para dentro do porta-mala e ele com a mão levantada. Os policiais falando para ele não resistir e ele respondendo que não estava resistindo. Aí eu perguntei o que estava acontecendo e ele [o PM] me xingou de tudo que é nome. Só fui conseguir falar duas horas depois. Quando eu vi minha placa, pensei ‘ferrou'”, lamenta.
O entregador conta que a polícia tentou de tudo para causar a mesma situação que aconteceu com Jefferson e, assim, o agredir. “Tiraram foto da bandeira do sindicato com a minha placa tapada. Eles ficaram falando que foi o sindicato que mandou tapar as placas”.
“A maioria dos motocas foram embora com medo de ter a moto apreendida ou tomar multa. Eles [policiais] conseguiram o que queriam, que era desmembrar o movimento”, completa.
Bruno teve a moto apreendida e Jefferson foi encaminhado para o 14º DP (Pinheiros). “Perguntei em qual DP iam levar o Jefferson e um dos PMs que ficou comigo falava que tinham prendido ele, que ele estava com ‘os ladrão'”, finaliza.
Outro lado
A reportagem procurou a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, a Polícia Militar e o Detran e aguarda retorno.
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