A empresária Silvana Dantas Cunha não tem vergonha de admitir: errou.
Emocionada, escreveu no Facebook:
Boa tarde. Venho aqui aumentar mais cuidado com essa doença, e agradecer mais esse carinho pelo meu marido em nome do meu filho, que se emocionou ao ver esse vídeo, porque não tinha mostrado para ele. Agradeço a TV Correio por me fazer escutar o toque da alvorada, homenagem essa que não pode ser feita a ele [o marido] pela forma de sua morte.
Mas Deus está me dando muita fé que tudo isso vai passar, para seguirmos adiante com nossas vidas, para mim não será normal, porque meu filho estará sempre pedindo a presença do pai, mas ele mais adiante vai entender. Amém.Silvana não acreditava no isolamento social.
Pudera, sua empresa de vidros em Santa Rita, na região de João Pessoa, na Paraíba, poderia ser prejudicada — milhões de brasileiros perderam salário e renda e estão passando dificuldades nas últimas semanas.
Silvana queria o melhor para sua família, mas acabou traída pelo coronavírus.
Ela admite que, antes da doença do marido, chegou a gravar vídeo zombando dos pedidos de isolamento social: “Fique em casa, mas quem vai pagar nossas contas no final do mês?”, disse, segundo ela própria narrou.
Em 15 de abril, o marido dela, o sargento reformado da Polícia Militar Marco Cirino da Cunha, sentiu os primeiros sintomas.
No dia 17, Marco recebeu atendimento em uma UPA.
No dia 22 de abril, desmaiou.
Foi transferido para o Hospital da Polícia Militar General Edson Ramalho, em João Pessoa, onde morreu no dia 30.
Ele sofria de diabetes e doença cardiovascular.
Seguindo o protocolo dos enterros de contaminados por coronavírus, não houve cerimônia oficial.
De sua parte, Silvana foi para isolamento social com o filho, de 10 anos de idade, o xodó do pai.
Só voltou às redes sociais emocionada com a homenagem prestada pela TV Correio, que ao narrar a história reproduziu o toque da alvorada que acompanha o sepultamento de policiais militares (ver vídeo), que Silvana não pode ouvir no dia do enterro do marido.
Viomundo