A milícia, não falha, surge com o discurso da lei e da ordem, que é sua suposta legitimidade.
Mas quando conquista o poder de decidir quem morre e quem manda, não dá outra.
A milícia vira é o estado policial, com sua própria lei.
E o estado policial, não tem jeito, sempre vira o império do crime.
O crime, como bando ou como poder, acaba por gerar um poder pessoal e do grupo do chefe.
Moro, o Judiciário, o Ministério Público, a mídia e as Forças Armadas funcionaram capitães do mato de Jair Bolsonaro e, afinal, tornaram-se escravos dele.
Acharam que reinariam por meio dele e, agora, se veem reduzidos a seus súditos.
Moro perdeu para ele seu cargo e seus adeptos. a Justiça ficou sem a sua intangibilidade, o Ministério Público sem sua autonomia, a mídia apanha ( não raro até literalmente) como cachorro e os generais, depois de velhos, reformaram sua honra, aposentaram sua dignidade e servem de guarda pretoriana senil do miliciano que levaram ao poder.
Numa palavra, sua ambição os fez esculhambarem-se. Embarcaram num projeto em que acharam que iam mandar e que terminou por aniquilá-los.
Um está na rua, outros ouvindo xingarem-lhes as mães, o garbosos promotores nas mãos de um carrerista que pretende uma cátedra do Supremo, os jornalistas mandados calar a boca e os generais palacianos paparicando o oficialzinho autoritário.
E isso no cenário de terra arrasada que se seguirá a essa pandemia, com uma centena de milhar de mortos e uma economia afundada irremediavelmente, porque não haverá sequer o que cortar.
Na ditadura de 1964, depois de 25 anos e de oito anos de abertura e mais quatro da geleia sarneyzista, houve tempo para uma renovação geracional que permitiu uma transição sem revanches. Desta, cuja a estupidez e anacronismo não fazem prever longa duração dificilmente deixará se suceder um Nuremberg tropical.
Tijolaço