Congresso se movimenta para derrubar veto de Bolsonaro a uso de máscaras

Por Flávia Said 

Passageiros usam máscara e álcool gel em terminal rodoviário urbano no Rio. PMRJ
Passageiros usam máscara e álcool gel em terminal rodoviário urbano no Rio. PMRJ

O Congresso Nacional começa a se movimentar para derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que obrigava o uso de máscaras em órgãos públicos, templos religiosos e locais fechados para reuniões. Ao justificar a decisão, o presidente colocou que a obrigatoriedade de uso de máscaras nesses casos pode implicar violação de domicílio.

O líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon (RJ), disse que Bolsonaro não para de sabotar o combate à doença. Ele pontuou que, segundo especialistas da saúde, o uso obrigatório de máscaras é um instrumento necessário para salvar vidas.

“Na sua constante politização de uma questão sanitária, Bolsonaro condena brasileiros à morte. Uma perigosa irresponsabilidade de quem deveria zelar pelos brasileiros. Ele precisa responder pelos seus crimes”, disse Molon. A bancada do PSB na Câmara começa a se articular pela derrubada do veto, que depende do voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, ou seja, 257 votos de deputados e 41 votos de senadores, computados separadamente. Registrada uma quantidade inferior de votos pela rejeição em umas das Casas, o veto é mantido.

Em nota assinada pelo presidente do partido e pelos líderes no Senado e na Câmara, o Cidadania disse ser urgente a convocação do Congresso para discutir esses vetos, “uma questão de Saúde Pública”. “Com sua reiterada sabotagem ao isolamento social no Brasil, Bolsonaro tornou o país um risco sanitário e está levando, isso, sim, ao nosso mais completo isolamento no cenário internacional”, diz a nota assinada por pelo presidente nacional do partido, Roberto Freire, pela senadora Eliziane Gama (MA) e pelo deputado Arnaldo Jardim (SP).

Outros partidos também devem trabalhar pela derrubada do veto, visto que o projeto foi aprovado com poucas ressalvas de parlamentares. Na Câmara, apenas o partido Novo e o governo orientaram contra a proposta.

O líder do Novo, Paulo Ganime (RJ), disse que a norma violava o princípio da liberdade individual.


No Senado, que aprovou a matéria por unanimidade no início de junho, o veto também foi alvo de críticas. O líder do PSL, senador Major Olimpio (SP), lamentou a ação do governo e lembrou que a proteção facial é uma das poucas medidas de prevenção eficazes para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. “A inteligência é limitada. A ignorância, não”, disse ele em vídeo. “Isso é um péssimo exemplo para a sociedade. É o governo não colocando à disposição da população mecanismos para protegê-la. Nós vamos derrubar esse veto no Congresso”, garantiu.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também criticou o veto em uma rede social.


A análise dos vetos presidenciais ocorre em sessão conjunta do Congresso Nacional, mas até o momento ainda não há previsão de data. O presidente do Senado, que preside as sessões do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP), chegou a agendar algumas sessões, mas elas acabaram canceladas.

Como ainda não foi realizada nenhuma sessão desde o início da pandemia, uma série de vetos se acumulam na pauta, desde mudanças no pacote anticrime até restrições à concessão do auxílio emergencial.

Outros trechos vetados

Bolsonaro também retirou do texto a obrigação de estabelecimentos comerciais de fornecerem de forma gratuita máscaras aos seus funcionários, assim como, desobrigou o poder público de fornecer equipamentos de proteção à população vulnerável.

Outro trecho vetado pelo presidente foi sobre agravamento de punição para infratores reincidentes que deixassem de usar máscaras em ambientes fechados.

Congresso em Foco

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem