Migrantes interceptados em Khoms, Líbia, enquanto se preparavam para partir para a Europa, em 30 de maio de 2020. REUTERS/Ayman Sahely |
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) divulgou nesta quarta-feira (29) um novo relatório sobre os riscos que os migrantes da África subsaariana enfrentam ao chegar na Europa. Mais de 16.000 entrevistas ajudaram a identificar os abusos sofridos.
Para os migrantes, a rota da Líbia é uma encruzilhada. Mortes violentas, abuso sexual, detenções arbitrárias, tráfico de pessoas... O relatório divulgado pela ACNUR e pelo Centro de Migração Mista do Conselho Dinamarquês para os Refugiados (MMC), intitulado "Nesta viagem, ninguém se importa se você vive ou morre", detalha como a maioria das pessoas que toma essas rotas sofre ou testemunha violência indescritível nas mãos de traficantes, redes de tráfico, milícias e, em alguns casos, até de funcionários do governo.
Violência física e sexual
Os migrantes entrevistados testemunharam cerca de 2.000 mortes a caminho. Dois terços destas estavam diretamente ligadas a atividades criminosas. Um em cada cinco migrantes sofreu violência física, como atos de tortura vindos de membros das forças de segurança em quase metade dos incidentes relatados.
O estudo também identifica mais de 6.000 vítimas de violência sexual, com crimes cometidos por traficantes em 75% dos casos, principalmente no norte da África.
O relatório traça um mapa dos abusos: a fronteira entre o Níger e a Líbia é o ponto de passagem mais perigoso, com mil incidentes relatados. Outro lugar perigoso: a costa oeste da Líbia, de Bani Walid a Trípoli, o ponto de partida para os migrantes em direção à Europa.
ACNUR pede aos Estados que reajam
"Por muito tempo, os terríveis abusos sofridos por refugiados e migrantes nessas rotas terrestres ficaram praticamente invisíveis", disse Filippo Grandi, do Alto Comissário da ONU para Refugiados. "É preciso liderança e ações determinadas por parte dos Estados da região, com o apoio da comunidade internacional, para acabar com essa crueldade, para proteger as vítimas e perseguir os criminosos responsáveis", acrescentou.
"É o nosso grito de desespero e raiva", disse à RFI Vincent Cochetel, enviado especial da ACNUR para o Mediterrâneo central. Relatório após relatório, ele explica, há um maior conhecimento dos responsáveis por essa violência, mas os Estados simplesmente "não reagem".
“Sabemos muito mais sobre quem eles são, onde ocorrem os abusos e enfrentamos uma inação quase total dos Estados. Para atores humanitários, isso é muito difícil. Podemos lidar com as vítimas, mas não podemos impedir os abusos se os Estados não se comprometerem de maneira mais coerente, com um pouco menos de palavras em conferências internacionais, mas um pouco mais de ação contra esses traficantes ", enfatiza Cochetel.
Violência física e sexual
Os migrantes entrevistados testemunharam cerca de 2.000 mortes a caminho. Dois terços destas estavam diretamente ligadas a atividades criminosas. Um em cada cinco migrantes sofreu violência física, como atos de tortura vindos de membros das forças de segurança em quase metade dos incidentes relatados.
O estudo também identifica mais de 6.000 vítimas de violência sexual, com crimes cometidos por traficantes em 75% dos casos, principalmente no norte da África.
O relatório traça um mapa dos abusos: a fronteira entre o Níger e a Líbia é o ponto de passagem mais perigoso, com mil incidentes relatados. Outro lugar perigoso: a costa oeste da Líbia, de Bani Walid a Trípoli, o ponto de partida para os migrantes em direção à Europa.
ACNUR pede aos Estados que reajam
"Por muito tempo, os terríveis abusos sofridos por refugiados e migrantes nessas rotas terrestres ficaram praticamente invisíveis", disse Filippo Grandi, do Alto Comissário da ONU para Refugiados. "É preciso liderança e ações determinadas por parte dos Estados da região, com o apoio da comunidade internacional, para acabar com essa crueldade, para proteger as vítimas e perseguir os criminosos responsáveis", acrescentou.
"É o nosso grito de desespero e raiva", disse à RFI Vincent Cochetel, enviado especial da ACNUR para o Mediterrâneo central. Relatório após relatório, ele explica, há um maior conhecimento dos responsáveis por essa violência, mas os Estados simplesmente "não reagem".
“Sabemos muito mais sobre quem eles são, onde ocorrem os abusos e enfrentamos uma inação quase total dos Estados. Para atores humanitários, isso é muito difícil. Podemos lidar com as vítimas, mas não podemos impedir os abusos se os Estados não se comprometerem de maneira mais coerente, com um pouco menos de palavras em conferências internacionais, mas um pouco mais de ação contra esses traficantes ", enfatiza Cochetel.
RFI