Jair Bolsonaro, é verdade, já não tinha o respeito pessoal de ninguém nas instituições da República.
Hoje, porém, quem perdeu qualquer traço de respeito foi o presidente da República, ao despir-se, com absoluto despudor, de toda a liturgia do cargo.
Não importa que não haja no vídeo prova cabal de que ele pressionou Sérgio Moro para trocar o diretor ou o superintendente da Polícia Federal.
O que aconteceu é que ele perdeu completamente a capacidade de ser acatado por qualquer um que não seja seu áulico ou carrapato de seu governo.
Entre estes, infelizmente, está um grupo de generais cheios de ambição e ódio que, por sua vez, usurpam o nome das Forças Armadas em seu próprio benefício, trabalham por distribuírem, a si e a outros grupos de militares cargos e posições de governo.
Estão, pela violência e pelo arbítrio, cada vez mais grotescos, criando um único caminho para sustentar um governo que já não se sustenta.
“Centrão”, já o provaram as agonias de Collor e Dilma, não segura governo, ou se seguram, como com Temer, apenas impedem que se sepulte seu cadáver.
Agora, com as agruras da crise que não demanda explicações, menos ainda o poderão.
Bolsonaro, no médio prazo, só permanece no poder com um golpe e é esta a questão que está em pauta em nosso país.
Manter este desclassificado, aceitar seus planos de armar milícias em seu favor e permitir que ele siga a transformar a República em um encontro de rufiões de bordel é concordar que, pela força, se consume totalmente um golpe autoritário da bandidagem com matrícula estatal e nome no Diário Oficial.
Tijolaço